REDES
As redes de agroecologia, firmadas na agricultura urbana e periurbana, desempenham um papel crucial na promoção da democratização da cidade através do fortalecimento de uma agricultura capaz de produzir alimentos saudáveis. Elas pautam a garantia da posse da terra para os agricultores, a alocação de espaços públicos para a realização de feiras, o estabelecimento de zonas de produção agroecológica, o acesso a assessoria técnica pública e a melhoria da infraestrutura urbana. Através da articulação dessas redes, ocorre a interconexão e politização das agricultoras e agricultores em relação à agenda agroecológica, na luta pelo direito à cidade.
As redes aqui apresentadas desempenham um papel de articulação e politização de uma variedade de práticas agrícolas existentes na cidade, muitas das quais são realizadas em âmbito familiar. As redes conferem uma dimensão política a essas práticas ao integrá-las no movimento agroecológico, promovendo a transição da produção convencional de alimentos para uma abordagem agroecológica e incentivando ativamente a participação dos trabalhadores e trabalhadoras em fóruns públicos. Cada vez mais a agricultura urbana agroecológica no Rio de Janeiro está adquirindo relevância na conjuntura política, emergindo como um modelo de produção do espaço urbano que prioriza a reprodução da vida.
Imagem: Rede CAU. Convite da II Plenária (2021) da Rede CAU para todos os coletivos integrantes da rede. Ver post completo
REDE CARIOCA DE AGRICULTURA URBANA [REDE CAU]
A Rede Carioca de Agricultura Urbana, também conhecida como Rede CAU, foi fundada em 2010, no município do Rio de Janeiro. Seu propósito central é unir agricultores familiares e associações locais das mais diversas áreas, com o objetivo de promover uma série de iniciativas, tais como a realização da certificação participativa de produtos orgânicos e a coordenação de quatro feiras semanais localizadas em Campo Grande, Freguesia, Vargem Grande e Maracanã. Além destas feiras, a rede também estabelece outros pontos comercialização.
A Rede CAU se afirma como um movimento social que agrega indivíduos e entidades em prol da promoção da agroecologia na cidade, operando em colaboração estreita com agricultores urbanos que cultivam tanto em quintais produtivos quanto em áreas agrícolas maiores. Seu foco está na promoção do consumo ético e responsável de alimentos saudáveis, abraçando uma visão de integração harmoniosa entre cidade e campo, bem como disputando a adequação e acesso às políticas públicas para a agricultura urbana.
Dentro dessa dinâmica, representantes provenientes de uma variedade de organizações populares, instituições de pesquisa e ensino, assim como agentes do setor não governamental, atuam de forma independente, em parceria com a Rede CAU. Em âmbito estadual e nacional, a Rede CAU está associada à Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro (AARJ), ao Coletivo Nacional de Agricultura Urbana e à Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).
Imagem: @rede.ecologica
REDE ECOLÓGICA
Fundada em 2001, a Rede Ecológica emergiu como uma força coletiva, sendo capaz de reunir, hoje, cerca de duzentas famílias de classe média que realizam a aquisição conjunta de produtos agroecológicos frescos, estabelecendo conexões diretas com produtores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, além de regiões vizinhas no interior do estado. Ademais, a rede também adquire produtos secos provenientes de diversas partes do Brasil.
Como um movimento político que defende uma perspectiva de segurança e soberania alimentar, a Rede Ecológica vem promovendo um sistema de compra coletiva de cestas, estruturado em dez núcleos que se distribuem nos municípios do Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São João de Meriti.
O funcionamento deste sistema repousa sobre contribuições financeiras que nutrem um fundo rotativo e solidário, que desempenha um papel essencial ao viabilizar o suporte logístico aos produtores, englobando o transporte e outras necessidades, ao mesmo tempo em que fomenta iniciativas de plantio na Região Metropolitana e o estabelecimento de cozinhas coletivas em territórios populares.
Com essas iniciativas, a Rede Ecológica transcende mero arranjo comercial, consolidando-se como uma força impulsionadora de mudanças positivas em direção a uma cadeia de distribuição alimentar mais justa, saudável, colaborativa e politizada.
Imagem: @aarj.agroecologia
ARTICULAÇÃO DE AGROECOLOGIA DO RIO DE JANEIRO AARJ
A Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro (AARJ) emerge como um movimento dinâmico, composto por diversas organizações da sociedade que, ao identificar, sistematizar e mapear experiências relevantes, trabalha de forma unificada para fortalecer as práticas agroecológicas no estado. A AARJ articula iniciativas, coletivos e famílias, por meio de grupos de trabalho temáticos que concebem e implementam uma variedade de ações voltadas à promoção da agroecologia no Rio de Janeiro.
A atuação da AARJ se desenha em planos estratégicos abrangentes, abarcando desde a esfera da produção até a da comercialização e das políticas públicas. Ao reconhecer a interligação desses setores, a AARJ busca catalisar o fortalecimento das iniciativas agroecológicas no estado, visando à produção de alimentos saudáveis e acessíveis para a população fluminense.
Dentre os objetivos centrais da AARJ, destaca-se a própria sistematização dessas iniciativas. Através desse processo, a articulação não somente promove formas aprimoradas de comercialização, mas também exerce um papel de incidência política, estrategicamente voltado ao bem viver de todos.
REDES UNIVERSITÁRIAS
DE AGROECOLOGIA
REDE DE AGROECOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
A Rede de Agroecologia da UFRJ, criada em 2015, reúne grupos e coletivos de extensão e pesquisa que se dedicam à agroecologia dentro do âmbito universitário. Como um programa institucional, cada um desses coletivos possui suas particularidades e coordenações próprias, articulando-se, de forma autogestionária, em torno da Rede de Agroecologia da UFRJ. Também é objetivo da rede fortalecer a atuação dos grupos para além dos muros da universidade. Isso ocorre por meio de parcerias ativas com agricultores e agricultoras, bem como outras organizações da sociedade civil. Ações emblemáticas da rede incluem: (i) Vivências Agroecológicas - mutirões de fim de semana com os estudantes em territórios onde a rede atua, (ii) a realização da Feira Agroecológica semanalmente no campus Cidade Universitária, (iii) a atuação no projeto CASA, uma Comunidade que Sustenta Agricultura (CSA), que aproxima consumidores da comunidade acadêmica dos agricultores que participam da feira semanal da Rede.
Assim, a Rede de Agroecologia da UFRJ produz a sinergia entre a academia e a sociedade, incentivando uma compreensão mais profunda da agroecologia, e, ao mesmo tempo, promove o desenvolvimento de sistemas alimentares saudáveis.
Atualmente, os coletivos que compõem a Rede de Agroecologia da UFRJ são os seguintes:
- Mutirão de Agroecologia (MUDA)
- Educação Ambiental com Professores da Escola Básica (EAPEB)
- Questão Agrária em Debate (QADE)
- Projeto CASA - Comunidade Acadêmica que dá Suporte à Agricultura
- Horta Comunitária do Restaurante Universitário (Hortas RU)
- Biodiversidade, cultura alimentar e gastronomia: degustando novos saberes
REDE DE AGROECOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
A Rede de Agroecologia da UFF, criada em 2019, reúne oito grupos no estado do Rio de Janeiro, nos campi UFF Angra dos Reis, Campos dos Goytacazes, Macaé, Niterói, Rio das Ostras e Santo Antônio de Pádua.
A Rede desenvolve ações permanentes e projetos voltados para o fortalecimento da produção, do manejo, da comercialização e do consumo de alimentos agroecológicos no estado do Rio de Janeiro. Dentre as ações da rede, destacamos: (i) os cursos e oficinas de formação voltados para a comunidade acadêmica e para agricultores familiares urbanos integrantes das iniciativas agroecológicas parceiras, (ii) disciplinas de graduação oferecidas pelos professores ligados aos projetos, (iii) mapeamento integrado das informações relativas às Redes de Produção, Distribuição e Consumo de Alimentos Agroecológicos.
Os núcleos de pesquisa-extensão participantes são:
Angra dos Reis:
- Núcleo de Estudos em Agroecologia AIPIM
Rio das Ostras:
- Núcleo de Estudos em Agroecologia CHAIA
Campos dos Goytacazes:
- Núcleo de Estudos Rurais e Urbanos (NERU)
Niterói:
- Mutirão de Agricultura Ecológica (MÃE)
- Grupo de Extensão, Ensino e Pesquisa em Saúde e Alimentação Escolar (GEPASE)
- PROPET Sustentabilidade em Medicina Veterinária
Santo Antônio de Pádua:
- Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Território, Ambiente e Agroecologia (NUTAGRO)
Macaé:
- Observatório de Estudos e Pesquisa do Interior: Território, Populações Tradicionais e Políticas Públicas